Pesquisadora de Universidade do Ceará discute trabalho, ócio e capitalismo em conferência magna do Caiite Penedo | Pesquisadora de Universidade do Ceará discute trabalho, ócio e capitalismo em conferência magna do Caiite Penedo – Caiite 2016

Pesquisadora de Universidade do Ceará discute trabalho, ócio e capitalismo em conferência magna do Caiite Penedo

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A professora Luzia Coriolano veio da Universidade Estadual do Ceará (UECE) para ministrar conferência sobre a relação  entre trabalho, ócio e turismo no Congresso Acadêmico Integrado de Inovação e Tecnologia (Caiite), realizado na Ufal Penedo. Na oportunidade, ela fez uma crítica à visão dicotômica ócio x trabalho reproduzida na sociedade contemporânea, defendendo a tese de que o capitalismo negativiza o ócio, tomando-o como banal e desnecessário.

Coriolano apresentou uma retrospectiva histórica dos modos de produção social para explicar como a ideia de ócio foi apropriada pejorativamente pelo capitalismo. “O capitalismo fabril vai destruir o ócio, tentando incutir na nossa cabeça que digno é trabalhar, como se trabalho e ócio fossem construções opostas. A vida humana é marcada por trabalho e ócio”, ressaltou. A pesquisadora destacou que o conceito de ócio vem sendo revisitado, havendo vários laboratórios estudando o tema em muitas universidades do país.

Equivocadamente associado a lazer, férias, turismo ou descanso, o ócio, segundo ela, é uma necessidade. “Ócio não se opõe a trabalho, na verdade, é trabalho criativo. As melhores ideias aparecem quando saímos do nível de stress. Ninguém produz nada se não for consigo mesmo, em momentos de ócio. Trabalho criativo é um trabalho solitário”, esclareceu.

Adotando a perspectiva marxista ontológica, a professora definiu trabalho como uma forma de suprir as necessidades de subsistência, levando ao crescimento pessoal e promovendo o processo civilizatório. “Trabalho não é necessidade, é forma de satisfazer necessidades. Assim, é para fazer a sociedade avançar, a partir do surgimento de novas ideias, que o ócio se mostra uma prática fortemente necessária”, ponderou.

Destacou ainda que, no capitalismo industrial, a relação capital e trabalho tem foco no lucro e não no desenvolvimento humano. “Por isso, o trabalho sob a perspectiva capitalista é alienado e escravizante; diferente do trabalho gratificante, aquele que provoca fruição”, salientou a professora. Por fim, defendeu a inclusão da categoria do ócio entre as necessidades axiológicas, isto é, relativas aos valores predominantes de uma sociedade.

Mesa da conferência

Na mesa da conferência magna, o vice-reitor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), professor José Vieira da Cruz, fez um registro da cooperação e alinhamento da gestão da Ufal Penedo com a da administração central. Elogiou a organização do Caiite e a participação da comunidade acadêmica nas atividades, o que, segundo ele, “demonstra o vigor  de estudantes e pesquisadores, os quais, apesar das inúmeras dificuldades enfrentadas, esbanjaram disposição”.

Alexandre Oliveira, coordenador da Unidade da Ufal em Penedo, também ressaltou a disposição, garra, vontade e disponibilidade de sua equipe em fazer o Caiite 2016. “O Caiite funcionou para nós como uma semana acadêmica, gerando interação entre as cinco coordenações de cursos, assim como entre todos os centros acadêmicos. Houve arestas para aparar, mas acredito no sucesso do nosso evento, pois tudo aconteceu da forma como planejamos, de modo autêntico e autônomo”, frisou.

A vice-coordenadora da Ufal Penedo, professora Fabiana Lima, disse da  satisfação em presenciar o envolvimento dos alunos, apesar da conjuntura de greve e ocupação. “Fico contente em acompanhar nossos alunos participando das atividades e publicando seus trabalhos. É muito bom ver a universidade em movimento cumprindo o seu papel”, comemorou.

Mercia Pimentel – jornalista

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